Quase na divisa com a Bahia, a 270 km de Vitória, a vila de pescadores de Itaúnas é um dos trechos mais paradisíacos do litoral norte do Espírito Santo. Lá, o Parque Estadual que se estende por 38 km de costa em torno da bacia do Rio Itaúnas, abriga uma enorme variedade de ecossistemas: dunas, mangues, restinga, alagados. A diversidade natural contrasta com a homogeneidade dos visitantes; quem vai até lá é forrozeiro (ou no mínimo gosta um pouco do balanço) e amante do espírito simples da vilazinha, sem pousadas requintadas ou restaurantes para gourmands. Todo tipo de natureza de dia, só forró à noite – isso é Itaúnas.
Quando o sol aparece, o principal atrativo é a Praia de Itaúnas. Em frente às dunas brancas de quase 30 metros de altura, o mar “azul-azul” tem águas mornas e é acompanhado por uma interminável fileira de coqueiros. O comércio e, durante a temporada, a alta dos visitantes deixam as coisas mais agitadas nessa parte da costa. Para sossego, siga a pé ou a cavalo por 10 km até a Praia do Riacho Doce, lugar quase deserto, fronteira com a Bahia. Boas opções de praia já em território baiano são Costa Dourada, com falésias e mangues, Coqueiral, pontilhada com quiosques, e Gesuel, inacessível quando a maré enche. Ao final dos passeios, vale um mergulho no Rio Itaúnas para livrar o corpo da água salgada.
“Dobradiça”, zabumba, “oito” e bate-coxa, são partes do vocabulário do forró que, à noite, vira idioma oficial da cidade. Aos menos entendidos no assunto, cabe lembrar que o estilo tradicional de Itaúnas, o chamado “pé-de-serra”, tem pouco a ver com o “forró universitário”, também freqüente nas caixas de som da região, mas por influência recente dos visitantes paulistas e mineiros (segundo os puristas capixabas, uma indesculpável deturpação). Nas pausas do remelexo, a bebida é cachaça curtida no cipó-cravo e suas variações com gengibre, cravo, canela e mel – tudo para esquentar a dança e relaxar os inibidos. Baladas de forró, como o Forró Cipó e o Bar Forró, começam a lotar a partir da meia noite e a festa vai até de manhã.
A Itaúnas de hoje não é, literalmente, a mesma Itaúnas do passado. Explica-se: a vilazinha de pescadores original foi engolida pelas dunas há quase quatro décadas e, então, a cidade teve de ser transposta para o outro lado do rio. Hoje, o passeio pela “ex-Itaúnas” é um dos programas mais divertidos fora das praias, onde ainda é possível identificar o mastro da igreja, algumas ruínas e encontrar cerâmicas pelas areias. Outra boa opção é conhecer o trabalho do Projeto Tamar, que cuida das tartarugas-marinhas que desovam nessa parte da costa capixaba. Para os andarilhos, ainda há trilhas como a do Bixo, do Rio, do Tamandaré e Alméscar.
A vila de Itaúnas é parte do município de Conceição da Barra. O acesso até lá é feito primeiro pela BR-101, depois por um trecho da estrada que acaba na cidade de Conceição da Barra e, finalmente, por 20 km de uma estradinha de terra batida até o destino final. Vale lembrar que coisas como caixa eletrônico, posto de gasolina e sinal de celular não fazem parte do espírito Itaúnas de viagem. É melhor ir bem preparado.
Em Julho acontece o Circuito Nacional do Forró, em frente à igrejinha. O evento dura cerca de dez dias e leva grandes nomes do estilo à cidade – Alceu Valença e Dominguinhos já participaram da festança. Pouco dias depois, é realizado o Festival Nacional do Forró, para divulgar artistas menos conhecidos da região.
Ao contrário da baiana, a moqueca capixaba não leva azeite de dendê, o que a deixa um pouco mais leve. Um dos lugares mais indicados em Itaúnas para experimentar a variação é o Restaurante da Pedrolina, onde a moqueca é feita com camarões, lagostas, cação e robalo. Além do prato, dona Pedrolina – descendente de uma longa linhagem de cozinheiras de Itaúnas – prepara também bobós, peixes e porções
“O melhor forró do mundo”, “Meca do pé-de-serra” e outros superlativos que os locais não cansam de usar são prova de como Itaúnas dá importância ao estilo musical. Na verdade, boa parte do turismo jovem gira em torno da noite forrozeira da cidade. Dizem os mais velhos que tudo começou quando Itaúnas foi invadida pelas dunas e, então, decidiram organizar um forró para distrair os desalojados. Então o negócio virou mania. Hoje, durante a temporada, balada noturna na cidade significa forró com nativos e turistas dividindo as pistas, regado a cachaça curtida no cipó-cravo e xiboquinha. Impossível deixar Itaúnas sem ter decorado alguns hits do forró local.
Uma boa idéia aos mergulhadores que forem à Itaúnas é seguir de carro até Caravelas (Bahia), principal porta de entrada do conhecido Arquipélago de Abrolhos. Abrolhos é um dos melhores points de mergulho do Brasil, com enormes formações de corais e uma rica fauna marinha.
De julho até meados de novembro, passeios de barco levam visitantes para perto das baleias jubarte, que migram até o arquipélago em busca de águas mais mornas.
Como chegar Carro
Vindo do sul pela BR-101, tome 15 km da ES-421 sentido Conceição da Barra e vire à direita conforme a sinalização. É preciso seguir por cerca de 20 km em uma estradinha de terra até Itaúnas
POR QUE VALE A PENA? Por causa da noitada forrozeira. Afinal, não é qualquer lugar que vive em função disso. NÃO PERCA As praias que ficam logo após a divisa com a Bahia. Dá para visitá-las com uma cavalgada pela areia desde Itaúnas.
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